Fazia sol. E fazem seis anos hoje. Está chovendo e frio. Seis anos parece pouco considerando uma pessoa que já viveu muito mais do que isso. Mas foram seis anos, exatamente seis anos. Os melhores anos da minha vida. Não vou dizer que era perfeito, porque bem, não era perfeito. Mas foram seis anos maravilhosos. Talvez eu só possa me lembrar dos últimos quatro anos. Lembro de almoçar na casa dela e já ir correndo para a piscina, oh infância querida. Parecia até que todo dia fazia sol, até no inverno e até quando chovia. Eu podia sentir uma luz sobre minha alma. Eu amava. Aquele momentos. Eu acreditava na magia. É estranho dizer isso hoje porque já acabou. Já se passaram seis anos e querida, segundo minha fantasia aquilo ia durar para sempre. E durou, até hoje sinto saudades, e isso significa que durou não ? Não adianta falar com uma folha com algumas palavras que você cuspiu. Ela morreu. Mas em meus sonhos ela ainda respira, não é mesmo ? É. Imploro para que concorde comigo. Por favor. Preciso acreditar que isso ainda é real, que ela ainda respira. Meus sonhos só existiam porque existia você querida, você que me fazia acreditar, que me ouvia. Lembro perfeitamente daquela tarde de outono que eu estava sozinha em um quarto pequeno, ele tinha vários espelhos e você me disse que cada reflexo meu no espelho era uma parte de mim. Não o eu completo, apenas uma parque que sem ela eu não viveria. Mas você, você minha querida também estava refletida no espelho. Não dormi muito bem naquela noite porque eu estava começando a acreditar que sem essa essência do amor eu não viveria mais. Mas vivo. Afinal o que é isso ? Um sonho não, uma vida ? Eu mergulhava e parecia esquecer tudo, parecia não haver nada na minha mente. E realmente não tinha nada nela. A água sempre foi gelada mas parecia ser tudo tão quente. Como aquelas tardes de verão que eu brincava de sonhar. Nunca imaginei que seria assim. Você nunca me mostrou tudo, só uma pequena parte desse mundo cruel que vivo hoje e se não fosse assim.... ah querida. Eu sonho de mais. Mas não ligo, sonho por ti. Pela luz que iluminava meus pesadelos. D