sábado, 4 de junho de 2011

Mês dois.

Daniela ainda não tinha aceitado isso, ela ficava sozinha e sempre estudando. Ela não tinha vontade de viver, ah, ela nunca teve vontade. Nunca foi de falar com sua família, ela era sempre seca e as vezes grossa. Não via amor em seus olhos. Era filha unica e nunca teve um namorado.. não um que ela tivesse realmente amado, ou pelo menos se apaixonado. Era de uma família boa, sim, tinha dinheiro mas não tinha afeto. Não culpo isso. Mas acho que até o dia da sua morte isso a afetou muito. Eu conheci ela quando ela completou cinco anos, mas mesmo assim, nunca soube do que acontecia em sua vida pessoa. Eu nunca vi ela chorando. Mesmo sabendo de sua morte, eu nunca vi algum sentimento intenso em seu rosto. Ah sim, ela escondia tudo muito bem, eu sabia que exista, mas nunca vi. Mesmo negando, parecia que bem lá no fundo, Daniela sempre teve consciência. disso, e, tinha medo. E o medo a tornava mais egoísta. Hoje, Daniela veio conversar comigo, coisa que muito raramente acontecia. Ela me falou assim:
Lembra daquela noite, quando tínhamos 16 anos e saímos escondida de nossos pais para ir naquela balada ? Estávamos tão chapadas, e eu nem me lembro muito bem. Lembro que transei com um menino que acabara de conhecer, e, na frente dele, você me beijou. Eu estava me divertindo pra caralho, nunca tinha me sentido tão vida que nem naquela noite, pena que passou rápido.
Ah, Daniela, sua vida passou rápido. Tentei de dizer isso, tentei dizer que isso seria pior e que, você não teria mais consciência quando o segundo de morte passar.

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